O mapa da memória: filho encontra tesouro enterrado pela família há 80 anos

O mapa da memória:
filho encontra tesouro enterrado pela família há 80 anos

Uma história que parece saída de um romance histórico ganhou vida real na Europa Oriental. O professor aposentado Jan Glazewski, de 69 anos, encontrou um tesouro enterrado pela sua família durante a Segunda Guerra Mundial graças a um mapa desenhado à mão por seu pai, Gustaw, décadas atrás.

O enredo começa em setembro de 1939, quando a Polônia foi invadida pela Alemanha nazista e pela União Soviética. Diante da fuga iminente, a família Glazewski, de origem nobre e dona de uma fazenda na região de Lviv (atualmente parte da Ucrânia), decidiu esconder seus bens mais valiosos: talheres de prata, joias, armas de caça e objetos de uso familiar. O tesouro foi enterrado no quintal da casa, com a esperança de ser recuperado no futuro.


A guerra, no entanto, mudou todos os planos. A casa foi destruída pelo exército soviético e a família se dispersou: alguns permaneceram na região, outros buscaram refúgio em diferentes países. Gustaw, um dos filhos, emigrou para a África do Sul, levando consigo apenas a memória do local exato onde a herança estava escondida.

Em 1989, já no fim da vida, Gustaw desenhou de memória um mapa simples, com instruções precisas sobre onde cavar. O documento foi entregue ao seu filho Jan, que na época lecionava na Universidade da Cidade do Cabo. Gustaw faleceu em 1991, mas deixou como legado a esperança de que um dia o tesouro seria encontrado.


Foi apenas em 2019 que Jan decidiu iniciar a busca. Munido do mapa, acompanhado de sua sobrinha e de especialistas com detectores de metais, ele retornou à propriedade da família. Embora a casa já não existisse, os alicerces ainda estavam lá, servindo de guia para seguir a linha pontilhada desenhada no papel. Após dias de escavação e expectativa, o detector finalmente sinalizou o local certo: bem na entrada da floresta, exatamente como o pai havia indicado.

Dentro da terra, intacta após oito décadas, estava a caixa de prata da família. Entre os itens recuperados, havia joias de sua mãe, falecida quando ele tinha apenas sete anos, talheres de prata, medalhões e até um colher de batismo com o nome do pai gravado. Para Jan, o valor material não se compara à emoção de segurar novamente os objetos embalados por sua mãe antes da fuga.


O achado trouxe não apenas riqueza em forma de metal precioso, mas sobretudo uma herança simbólica. Cada peça representava resistência, esperança e a força da memória diante dos horrores da guerra. Hoje, Jan compartilha sua experiência em palestras e até publicou um livro sobre a saga da família, intitulado Blood and Silver: A True Story of Survival and a Son’s Search for his Family Treasure.

Mais do que recuperar objetos, Jan Glazewski reconectou-se com a história de sua família. O tesouro enterrado em 1939 não foi apenas prata preservada no tempo, mas um elo entre passado, presente e futuro — uma lembrança de que, mesmo em meio às maiores tragédias, a esperança pode sobreviver enterrada à espera de ser redescoberta.

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