Rumo à Polônia: Uma Jornada de Alegria e Cultura

 Rumo à Polônia: Uma Jornada de Alegria e Cultura

Rumo à Polônia é uma frase que carrega saudades, evocando memórias que remontam a um século e meio, desde 1875. Nesse período, poloneses vindos da Polônia, ocupada pela Rússia, Prússia e Áustria, além de outras regiões polonesas, formaram um grande fluxo migratório para o Rio Grande do Sul, Brasil. A primeira leva de imigrantes, com passaportes prussianos, se estabeleceu inicialmente na linha Azevedo Castro da colônia Conde D'Eu, hoje Carlos Barbosa. Esse local é reconhecido como o marco inicial da colonização polonesa no estado, lembrado também em Garibaldi e Conde D'Eu.

Antes mesmo desse século e meio, já havia a presença de imigrantes poloneses que, forçados por circunstâncias adversas, buscavam uma vida melhor longe de suas terras natal, nas quais raramente puderam retornar. A esperança de um dia voltar era simbolizada pela expressão "Rumo à Polônia".


Em 1795, a Polônia perdeu sua bandeira e seu povo foi registrado como prussianos, austríacos ou russos, enquanto suas propriedades foram confiscadas pelos ocupantes. Sob leis estrangeiras, os poloneses mantiveram-se unidos em segredo, fiéis à sua identidade milenar e às suas crenças católicas apostólicas romanas. Dominados e sem condições de vida digna, optaram pela emigração após várias tentativas frustradas de revoluções para retomar a liberdade de sua pátria.

Nosso grupo folclórico polonês, Auresovia, tem suas raízes na década de 1930, com membros como os netos Miguel e Marianna Samojeden, Adão Samojeden, Josefa Samojeden, Francisco Samojeden e Ceslau Samojeden, além dos filhos de Katarina Samojeden, casada com Maximiliano Zereck. Esse grupo lançou as bases para o atual Grupo Folclórico Polonês, fundado em 3 de maio de 1930.


Miguel Samojeden, cujo passaporte foi expedido pelo Imperador da Áustria, Rei da Boêmia e, por delegação do Papa, Rei da Hungria, nasceu em Lipnica, próximo a Kolbuszowa, na Galícia. Todos os documentos eram expedidos em nome de sua majestade, o Rei Francisco José I.

Os representantes de Áurea, Capital Polonesa dos Brasileiros, que fazem parte do Grupo Folclórico de Áurea/RS, Auresovia, com alegria, recordam os passos dos antepassados que muitas vezes precisaram alterar seus sobrenomes para sobreviver. Um exemplo é a história do imigrante Miguel Samojeden.


De Samojedny para Samojeden

Ao chegarem ao Brasil, muitos poloneses tiveram seus nomes alterados por diversos motivos. Letras inexistentes no alfabeto brasileiro foram substituídas, nomes e sobrenomes foram adaptados foneticamente ou traduzidos. Michał Samojedny passou a assinar Michał Samojeden, mas era conhecido como Miguel Samojeden. Sua esposa tornou-se Mariana, e seus filhos tiveram nomes como Carlos, Catharina, Estanislava, Sofia, Josefa, Ladislau, Miguel, José e Natália. Com o passar dos anos, outras modificações ocorreram no sobrenome original, resultando em variações como Samojeden, Samujeden, Samoyedem ou Samoyeden.

Lenda ou Verdade?

Os mais velhos contam que o pioneiro Michał Samojeden narrava uma história sobre a origem do sobrenome Samojedny. Segundo ele, seus antepassados se chamavam Socharski. Durante uma revolta contra um latifundiário, um antepassado liderou os camponeses e, após ser torturado e se recusar a ceder, recebeu o nome de SAM JEDNY, que mais tarde se tornou Samojedny. Michał contava com orgulho que o movimento foi vitorioso e que seu líder foi respeitado e amado por seus companheiros.

Essa rica herança cultural e histórica é um convite para todos visitarem a Polônia e experimentarem a alegria e a cultura de um povo que, apesar das adversidades, manteve viva sua identidade e suas tradições.

Segue um roteiro do qual nossos queridos representantes artísticos iram trilhar nesses dias, representado nossa terra, nosso país, nosso povo e nossa cultura no 21º Festival Internacional na Europa, sendo que o Grupo Folclórico Auresovia, representará o Brasil.


📸 Imagens: Solange Mistura Omizzolo, Rádio Polska e Grupo Folclórico Polonês Auresovia.

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